Segurança e Resiliência On-Line
A tecnologia e a internet têm sido, sem dúvida, as heroínas das circunstâncias atuais, proporcionando uma oportunidade para que todos permaneçam conectados e, principalmente, para permitir que o ensino e a aprendizagem continuem. Em todas as nossas vidas, o uso e confiança na tecnologia aumentaram significativamente e as crianças pequenas talvez tenham desenvolvido habilidades de computação mais rápido do que nunca. Portanto, nunca foi tão importante para nossa comunidade garantir que estamos orientando, monitorando e protegendo nossos jovens para usar com segurança os recursos on-line disponíveis para eles.
A maioria dos guias para pais sobre segurança on-line fornece estratégias e opções de software que permitem ao adulto restringir as seções mais desagradáveis, inadequadas e perigosas da internet para seus filhos. Mas há outra área muito importante para a segurança on-line que raramente obtém a cobertura que merece: estamos nos referindo à "resiliência digital".
Em seu livro, "O Que Funciona na Construção da Resiliência?", Tony Newman define uma criança resiliente como alguém que “pode resistir à adversidade, lidar com a incerteza e se recuperar com mais sucesso de eventos ou episódios traumáticos”. No contexto de suas vidas digitais, uma criança resiliente seria aquela que pode resistir à tentação de navegar por materiais inadequados quando os firewalls falham, em combinação com a construção de relacionamentos com adultos adequados que lhes permite falar aberta e francamente, além de fazer perguntas sem julgamento. Certamente é isso que devemos buscar na vida digital de nossos jovens.
Além disso, uma grande parte da vida de nossas crianças agora é vivida on-line usando várias plataformas de mídia social. O relatório "Life in Likes" do Office of the Children’s Commissioner concluiu que:
- Muitas crianças do 7º Ano acham mídia social difícil de gerenciar, tornando-se excessivamente dependentes de "curtidas" e "comentários" para validação social;
- Os jovens ficam cada vez mais preocupados com as imagens on-line e com "manter as aparências" à medida que envelhecem. Isso pode piorar quando eles começarem a seguir celebridades, e aumentar significativamente ao iniciar o Ensino Médio;
- Os sites de mídia social podem prejudicar a visão das crianças sobre si mesmas, fazendo-as se sentirem inferiores às pessoas que seguem;
- Os jovens sentem a pressão social para estarem constantemente conectados às custas de outras atividades - especialmente a partir do Ensino Fundamental II (Anos Finais), onde todos têm um celular e contas nas redes sociais.
Houve um tempo em que esses dados seriam surpreendentes ou chocantes para os pais lerem, mas esses dias já se foram. A atual geração de adultos tem incontáveis horas percorrendo seus próprios feeds de mídia social e experimenta os mesmos sentimentos de solidão, baixa autoestima, inferioridade e sentimentos de perda. Felizmente, temos idade suficiente para já ter desenvolvido um nível de resiliência que pode ajudar a quantificar e equilibrar os sentimentos negativos que vêm de mãos dadas com essa tecnologia. Nossos jovens precisam do nosso apoio, comunicação aberta e, em muitos casos no que diz respeito às redes sociais, da nossa proteção para não se envolverem muito cedo com essas plataformas de mídia social. Educare.com afirma em seu artigo "O que é Resiliência Digital?' que "a maioria dos pais não pode mais alegar ser ‘muito velhos’ ou ‘sem contato’ com as mídias sociais e o mundo on-line. Isso faz parte da vida cotidiana de crianças e jovens, e os adultos não precisam ser entendidos em tecnologia para serem capazes de discutir sentimentos, comportamento e consequências".
Por fim, gostariamos de mencionar o dilema moderno que tantos jovens enfrentam hoje em relação ao "compartilhamento". É aqui que os pais se sentem completamente livres para postar fotos de seus filhos e até mesmo dos amigos deles em suas próprias plataformas de mídia social, sem a necessidade de consentimento. Há uma geração de crianças e jovens inteira que chegará à idade adulta com um enorme histórico digital sobre o qual não teve nenhum controle, potencialmente impactando negativamente futuras oportunidades de emprego e relacionamentos pessoais. Antes de clicar no botão de compartilhamento, sugerimos que todos se perguntassem: você gostaria que alguém colocasse sua fotografia na internet para sempre sem pedir sua permissão?